O golpe militar de 31 de março de 1964 tinha como objetivo evitar o avanço das organizações populares do Governo de João Goulart, acusado de comunista1. O ponto de partida foi a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 25 de agosto de 19611. O Congresso Nacional empossou temporariamente o presidente da Câmara, o deputado Ranieri Mazzilli, pois o vice-presidente encontrava-se em viagem à China1.
Enquanto João Goulart iniciava sua viagem de volta, os ministros militares expediram um veto à posse de Jango, pois sustentavam que ele defendia ideias de esquerda1. O impedimento violava a Constituição, e não foi aceito por vários seguimentos da nação, que passou a se mobilizar1. Manifestações e greves se espalharam pelo país1. Diante da ameaça de guerra civil, foi feita no Congresso, composto por maioria oposicionista a Jango, a proposta de Emenda Constitucional nº 4, estabelecendo o regime parlamentarista no Brasil1. Dessa forma, Goulart seria presidente, mas com poderes limitados1.
Jango aceitou a redução de seus poderes, esperando recuperá-lo em momento oportuno1. O acordo com Jango previa ainda que em 1965, no fim de seu mandato, haveria um plebiscito para consultar a população sobre o retorno ou não ao presidencialismo1. O Congresso votou a favor da medida e Goulart tomou posse no dia 7 de setembro de 19611. Para ocupar o cargo de primeiro-ministro foi indicado o deputado Tancredo Neves1. O parlamentarismo durou até janeiro de 19631.
E m 1964, agora com mais poderes em suas mãos, Jango resolve lançar as “Reformas de Base” a fim de mudar o país1. Assim, o presidente anunciou: Desapropriações de terras; nacionalização das refinarias de petróleo; reforma eleitoral garantindo o voto para analfabetos; reforma universitária, entre outras1. A inflação chegou a atingir em 1963, o índice de 73,5%1. O presidente exigia uma nova constituição que acabasse com as “estruturas arcaicas” da sociedade brasileira1.
Jango era apoiado por universitários que atuavam por meio de suas organizações e uma das principais era a União Nacional dos Estudantes (UNE)1. Igualmente, os comunistas de várias tendências, desenvolviam intenso trabalho de organização e mobilização popular, apesar de atuarem na ilegalidade1. Goulart era visto com insatisfação por ambos os lados: enquanto liberais e conservadores o criticavam por afirmar ser ele um presidente que poderia trazer o comunismo para o Brasil, à esquerda, a visão era que ações importantes para atacar a desigualdade social do país, como a reforma agrária, aconteciam em um processo muito lento1.